SDA NEWS 010- Entrevista Renato Gallego

Entrevista com Renato Gallego, que iniciou este ano como Diretor Técnico da CBS, com um currículo incrível e muita experiência em trabalhos em vários países, com certeza fará acontecer neste novo desafio. Realizamos uma entrevista abordando vários temas de interesse para todas as faixas etárias até o nível profissional.

 UP TO DATE 

Começará no dia 27 o Gillen Markets em Londres, evento Gold 100k (Masculino/Feminino).

Do lado masculino, as ausências de Ali Farag e Diego Elias serão sentidas, porém será interessante ver o retorno como wildcard de Declan James, que, após uma lesão, voltou muito bem ao circuito, sendo campeão na semana passada na Dinamarca de um torneio de 12k.

Quem nunca viu as imagens do Gillen Market de Squash, faça uma busca na Internet; vale a pena.

Na semana passada, aconteceu na Austrália o 96º Australian Open, país que já teve atletas campeões mundiais, o Bronze de 52k (Masculino/Feminino). O torneio seria jogado em uma quadra ao ar livre no centro da cidade, o que daria muita visibilidade ao esporte, e os organizadores estavam muito confiantes no sucesso do evento, porém não contavam com a previsão do tempo trazendo ventos fortes e chuva, que impediram a montagem da quadra de vidro com segurança, e a estrutura já estava mais da metade pronta. Com isso, tiveram que levar às pressas o torneio para a Universidade de Sydney.

Victor Crouin e Amina Orfi jogaram e, com certeza, foi esse o motivo de não estarem em Londres nesta semana.

Segundo Crouin, foi um dos lugares mais lindos em que ele já jogou e postou muitas fotos legais nas redes sociais dele.

Renato Gallego começou sua vida no Squash no Clube Atlético Ypiranga (CAY), virou jogador profissional e referência mundial como técnico e formador de atletas juvenis. Ministra há alguns anos o curso da World Squash Federation (WSF) em vários países.

Eu aprendi a jogar com ele e, consequentemente, ele entrou para minha família sendo o primeiro treinador dos meus filhos (Murilo e Vitor) e da minha esposa também.

Recentemente tivemos uma conversa, somente nós dois, de inacreditáveis 10 horas sobre Squash, que com certeza poderia ter continuado.

Vamos saber dele um pouco mais sobre os projetos e como podemos reverter e ser novamente a referência do Squash no continente.

Quais são os principais torneios este ano para as seleções Juvenil, Sub23 e Profissional?

Para o juvenil, tivemos o sul-americano, em Brasília, que nos deu um norte de trabalho e uma injeção de motivação nessa nova geração que está chegando! Ainda teremos o Pan-Americano Sub 19, no Equador, e o Mundial, em Houston, Estados Unidos! Estamos muito feliz de podermos enviar uma delegação para esse grande evento, depois de mais de uma década!

Para os sub 23, teremos uma importante seletiva, na Colômbia, no segundo semestre, para o Jogos Pan-Americanos da Juventude, outro grande evento, que acontecerá ano que vem e queremos marcar presença! 

Já os profissionais terão um compromisso em Julho, em Santiago, com o sul-americano adulto! E em agosto, o Pan-Americano, que acontecerá em Lima, no Peru! A seletiva para esses eventos acontecerá em Abril, em São Paulo, junto com um treinamento, para observar todos os jogadores e começarmos um grande trabalho, rumo aos Jogos Pan-Americanos de 2027! 

Você já foi técnico de outras seleções. Qual é a principal diferença da estrutura deles para a do Brasil?

Investimento, infra-estrutura e capacidade dos profissionais envolvidos nos processos. Obviamente que grande parte disso passa pelo fator financeiro, para poder contratar excelentes profissionais, capacitar outros tantos, desenhar projetos e programas, e termos poder econômico para executarmos! 

Não tenho dúvidas que, a partir do próximo ano, com investimento, profissionalismo, paixão e paciência, chegaremos, em alguns anos, em uma posição mais elevada de desenvolvimento. 

O Brasil, até certo ponto, conseguiu se “segurar”, por investimentos privados e iniciativas dos próprios jogadores. Depois disso, países que tem apoio financeiro nos passaram, o que era esperado, pela falta de recursos. 

Precisamos saber do nosso “lugar”, projetar onde queremos chegar, executar os planos, com base e processos, assim teremos o tão sonhado desenvolvimento. Aproveitarmos os recursos da melhor forma possível!

Tivemos grandes jogadores profissionais no passado, assim como grandes promessas no juvenil. Em que momento perdemos a mão e deixamos de ser protagonistas?

Quando não temos processos, profissionais capacitados (em constante aprendizagem) e motivados, falta de investimento, quantidade restrita de juvenis, fica complicada a situação de termos poucos jogadores e “precisarmos” formar grandes atletas! 

É uma máquina de “produção” e se faltam peças, uma hora ela quebrará! 

Fale sobre a importância dos cursos para técnicos. Como podemos captar técnicos para crianças de 06 a 08 anos e, principalmente, como atrair essas crianças para o Squash?

Falando como tutor e um dos profissionais que mais capacitou treinadores pela World Squash Federation, posso afirmar que os países que mais cresceram nos últimos 10 anos, são aqueles que mais tem treinadores capacitados!

Estarmos em constante busca de aprendizado, sairmos da zona de conforto e buscar sempre a excelência, será chave para entrarmos nesse rol de países que se desenvolvem e se reinventam!

Falando em iniciação esportiva, isso é mais difícil ainda! Os treinadores encontram dificuldades em dar aulas para grupos de crianças, por conta de falta de estruturação de escolinhas, processos e apoio dos clubes, nesse segmento! 

Eu sempre digo que se todos os treinadores de formação pararem de trabalhar, o treinador do alto rendimento morrerá de fome! Sem iniciação esportiva e um trabalho de excelência e dedicação, o squash nacional sempre respirará por aparelhos. 

Para mim, é o profissional que mais precisa se capacitar, ter uma valorização nos clubes e academias, e entender o quanto é importante o seu trabalho!

Em Julho, teremos o primeiro curso MBA em Liderança, Gestão e Coaching em Squash, totalmente on-line. O primeiro registrado no ministério de educação, com 480 horas de trabalhos e conteúdos! 

É um “game changer” no nosso esporte! Será o primeiro curso nesse nível no mundo todo! As primeiras turmas serão em português e espanhol, e após isso, aumentaremos para inglês!

Uma honra e felicidade poder entregar isso ao mundo do squash! Formaremos grandes profissionais e levaremos o squash nacional e mundial a um outro nível!

Hoje, quais as principais atividades que você exerce?

Além da gestão da RGSA, nossa academia em São Paulo e nos clubes Primeiro de Maio e Aramaçan, estou colocando muita energia ao trabalho técnico na Confederação Brasileira de Squash. Juntamente a isso, atuo no projeto da seleção paulista de squash, que vem trazendo grandes resultados! 

Além disso, continuo dando cursos para treinadores pela World Squash Federation e agora com o MBA em Liderança, Gestão e Coaching em Squash, que será lançado nessas semanas! 

Tenho os programas de treinamento elite, que passa hoje por 8 cidades do Brasil e consultorias que faço a países latino americanos e europeus, com destaque a Portugal, que vem se desenvolvendo bem nos últimos anos. Em Maio, acompanho as seleções adultas portuguesas no Europeu de Equipes, que traz uma experiência e bagagem incríveis!

Para finalizar, faz alguns anos que estou dando palestras corporativas e tenho gostado muito! É algo diferente e que posso levar tudo o que o esporte e a gestão esportiva pode ensinar ao mercado corporativo! 

O que mais me deixa feliz é poder trabalhar com o que realmente amo e me dedicar ao máximo em todos esses projetos! Essa paixão me ajuda demais em manter performance e conseguir resultados!

Bruna Marchesi jogará o Kinect Racquet de 20k nos EUA, que começa no dia 26 de março.

Na chave estão duas jogadoras norte-americanas, campeãs da SUB19 do US Junior Open, Marina Stefanoni e a atual campeã Caroline Fouts, a quem assisti jogar ao vivo várias vezes.

Uma história engraçada sobre Stefanoni foi no primeiro US Junior Open, quando ainda era realizado em Harvard, que toda vez que eu queria assistir a um determinado jogador, me dirigia à quadra marcada para aguardar a partida e sempre Stefanoni estava jogando. Isso aconteceu muitas vezes até que, numa dessas vezes, olhei para o lado e ela estava sentada ao meu lado. Só então me dei conta de que ela tinha uma irmã, mais nova, Lucie, que também ganhou a SUB19 anos depois.

Passei a acompanhar Marina e devo ter assistido uns 20 jogos dela e ela nunca perdeu, sendo a maior vitoriosa das jogadoras juvenis do US Junior Open, campeã em todas as categorias. Hoje ela estuda e é atleta de Harvard e joga alguns torneios da PSA, antes de se formar e, quem sabe, se dedicar ao circuito.

Você sabia que existe uma limitação para atletas universitários dos EUA receberem prêmios em dinheiro? Deixem nos comentários.

As emissoras de TV dos EUA avisaram à PSA que, para o squash ser transmitido na televisão, os jogadores têm que parar de falar com os juízes. Os feedbacks que tiveram indicam que a maneira como os jogadores se comunicam com os juízes torna o squash desagradável para ser televisionado.

Os árbitros estão sendo instruídos a reprimir os jogadores que pedem explicações devido ao aumento nas discussões contínuas e prolongadas durante as partidas. Qualquer comentário inapropriado feito após uma decisão pode ser passível de uma advertência de conduta; se persistir, deve ser aplicado um stroke de conduta e, depois, um game de conduta. Pode ser que, finalmente, algo realmente mude, e isso teve que vir de fora do squash.

Quem assistiu à final de Farag x Paul Coll no Optasia semana passada, percebeu essa nova postura, com Paul recebendo esse aviso de conduta no 5º game com uma simples pergunta questionando uma decisão do juiz. Que ótimo que o jogo continue.