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abr. 03, 2024

SDA NEWS 011- Entrevista Fábio Cechin

Entrevista com Fábio Cechin, técnico da The Agnes Irwin School desde 2020, conquistando em 2022 o título de campeão nacional da Middle School pela primeira vez. Será o técnico da Seleção Brasileira Juvenil no MUNDIAL este ano.

 UP TO DATE 

Esta semana tem a seletiva da Seleção Brasileira Profissional entre os dias 04 a 07, vários atletas da elite brasileira estarão lutando pelas 2 vagas na RGSA, para se juntarem a Diego Gobbi e Pedro Mometto à Seleção Brasileira que irá disputar o Sul-Americano e o Pan-Americano.

Serão excelentes jogos para serem acompanhados ao vivo, nomes como Guilherme Melo, Pedro Faccini, Yuri Pollak, entre outros estão nessa disputa, vai ser demais.

ENQUANTO ISSO 

No juvenil, saiu a convocação da Seleção Brasileira que irá disputar o MUNDIAL (12-23/07 em Houston/EUA) após muitos anos de ausência.

Os jogadores precisam ainda confirmar suas inscrições pois cada um tem que arcar com seus custos e nada é barato.

Precisamos criar uma forma estruturada de doações mensais para essa categoria, pois sem participarmos todos os anos desse tipo de evento não iremos formar grandes jogadores que nos representarão nas Olimpíadas.

Temos uma base grande de adultos amadores que têm condições de ajudar, se cada um doar um pouco mensalmente, tipo R$ 10,00, teremos como avançar. Sem dinheiro, nada disso é possível, pois depender exclusivamente dos pais dos atletas tem um limite.

Somem a isso a convocação do Pan-Americano Juvenil (16-22/06 em Quito/Equador) e as contas dobram.

O custo por atleta para o MUNDIAL está estimado em R$15.000 (sem alimentação).

Quem topa ajudar o juvenil?

FALA SÉRIO

A transição do juvenil para o profissional.

A realidade do ambiente onde vive com certeza afeta o resultado e motivação dessa fase tão complicada.

É nessa idade, normalmente entre os 18 a 23 anos, que acontecem muitas transformações não só de comportamento mas de compreensão. A faculdade realmente muda a forma de pensar, novos amigos, namoros, festas, mais festas, experiências mil, enfim, muitas tentações podem te afastar do esporte.

Uma carreira vitoriosa no juvenil bate num muro muito duro que é jogar contra atletas profissionais que estão ali há anos treinando e têm muito mais conhecimento e vivência que jovens cheios de sonhos que chegam achando que sabem e conhecem a vida e o esporte.

O funil aqui aperta muito, pois todos os anos temos atletas campeões mundiais juvenis, campeões do US Open e do British, porém raros avançam. Lesões podem tirar jogadores como o San Todd, o melhor juvenil que vi jogar fazendo coisas que somente o Asal consegue fazer nas bolas e recuperação de pontos, ou vários outros motivos.

Outros com carreiras não tão vitoriosas no juvenil como o Paul Coll, que perdeu para o Guilherme Melo num mundial juvenil, amadurecem e mostram que estão dispostos a pagar o preço de seguir na carreira, e além disso têm recursos financeiros para isso.

No modelo americano de universidades e jogos acadêmicos de alta performance atrelando bolsas de ensino por ser um atleta que representa a faculdade amarra os estudos a esse contrato sério de desempenho.

Você só joga se tiver boas notas e se não jogar perde a bolsa, vejam como isso funciona pois o custo de estudar numa faculdade é em média US$60.000/ano.

Se a média de idade nas Olimpíadas é de 26-27 anos, muitos atletas universitários estão participando dos jogos, então o modelo americano faz muito sentido, pois é nessa idade que o corpo, para muitos esportes, está no auge.

Lógico que há esportes com características específicas com idades menores, como a ginástica e skate, e outros com idades mais altas como os de força, porém, no geral, atletas universitários ganham mais medalhas na natação, por exemplo.

Com a evolução da medicina e ciência esportiva, a vida útil dos atletas tem se estendido por mais tempo. No tênis, o big three não abriu brechas para os jovens, e no squash apenas 1 entre os 10 primeiros do ranking tem menos de 30 anos.

Então está cada vez mais difícil a transição do juvenil para o profissional, principalmente em países como o Brasil. Os apoios, como o Bolsa Atleta, são fundamentais para reterem os futuros talentos e não desanimá-los num dos caminhos mais difíceis e incertos entre qualquer profissão. Ser atleta é muito mais difícil e perigoso que ser médico ou engenheiro; o funil é muito fino e só existe 1 primeiro do mundo.

Imagine se na sua profissão você fosse o 100º do mundo, o quão bom você teria que ser e seria uma referência no seu país e no mundo, com certeza seria muito rico e famoso, e no esporte?

Eu valorizo demais quem está entre os 200, 300 e 500. São exemplos de dedicação, foco, talento e deixaram muita coisa de lado para viver uma carreira que poucos acompanharam.

Para finalizar, a fase universitária é muito importante. Podemos não ter a estrutura dos EUA, porém podemos imaginar e fazer aqui algo parecido com os poucos recursos que temos.

Podemos estudar muito, afinal, esse é o melhor conselho para todos, pois a vida do atleta é curta demais. Podemos treinar sério nos contra períodos, como os americanos fazem, e ter um calendário de torneios para se manter competitivo, colocando uma ou duas viagens para fora para avaliar o nível que está, nem que seja para países sul-americanos, e focar no seu sonho.

Acordar cedo, treinar antes de começar as aulas, fazer à tarde e/ou à noite as segundas sessões são o único caminho para o sucesso esportivo.

Do outro lado, se você estudar da mesma forma que esse atleta treina, tenho certeza que estará também entre os 100 do mundo da sua profissão.

Fica a dica.

BRASILEIROS PELO MUNDO

Fábio Cechin, conheci ele nos EUA num dos US Open que estive com o Murilo, super atencioso e de bom papo, abriu portas para treinos na sua escola e ficamos amigos. Foi um dos professores na Escola do Squash do Amanhã, e muita coisa aconteceu desde então.

Estará no comando da Seleção Brasileira Juvenil no mundial e sua experiência e conhecimento dos jogadores irão com certeza ajudar o Brasil nessa difícil missão.

Vamos saber um pouco mais dele nesse primeiro de alguns outros futuros bate-papos.

Conte sobre sua carreira de juvenil depois no profissional e como foi a transição para virar treinador? O squash foi sua vida toda, né?

Minha carreira no squash começou aos 12 anos e gradualmente avancei para o nível profissional. Comecei no esporte como um hobby e, à medida que me dedicava, participei de competições juvenis locais e regionais. Conforme meu desempenho melhorava, passei a competir em nível nacional e internacional. Tive o prazer de jogar pela seleção juvenil e adulta do Brasil. A transição para me tornar treinador veio naturalmente após anos de experiência como jogador. Decidi compartilhar meu conhecimento e paixão pelo esporte com outros jogadores. Enquanto o squash foi uma parte significativa da minha vida, também valorizei o estudo, obtendo formação em Educação Física pela ULBRA, Universidade Luterana do Brasil. Isso me deu uma sólida base de aprendizagem didática. Isso me ajudou a ser treinador das seleções juvenil do Brasil e dos EUA.

Tornar-se treinador não é apenas dominar o conhecimento do jogo de squash, mas também compreender vários pilares importantes para o desenvolvimento dos jogadores, como aspectos físicos, mentais, nutricionais, e entender a individualidade de cada atleta. Ao lidar com jovens jogadores, é crucial compreender o desenvolvimento próprio de cada faixa etária, assim como entender as diferenças culturais entre países e regiões, como os métodos de ensino variam entre o Brasil e os Estados Unidos, por exemplo.

Os EUA têm investido muito no squash, construindo muitas quadras e contratando muitos treinadores de fora. Como é estar participando e vendo toda essa estrutura ao vivo? Qual é a estratégia que os EUA têm utilizado para atrair tantos jogadores?

Observar os investimentos dos EUA no squash tem sido impressionante. A construção de mais quadras e a contratação de treinadores estrangeiros demonstram um compromisso sério com o desenvolvimento do esporte no país. A estratégia para atrair tantos jogadores provavelmente envolve uma combinação de promoção ativa do esporte em escolas e comunidades locais, além de criar um ambiente competitivo e acolhedor para os praticantes. Isso pode incluir programas de desenvolvimento juvenil, competições acessíveis e a promoção de modelos de sucesso para inspirar jovens talentos. No entanto, é importante ressaltar que há várias maneiras de desenvolver o esporte, e cada região e cultura devem analisar qual abordagem se adapta melhor às suas necessidades. Podemos observar isso ao comparar o exemplo dos EUA com o do Egito. No entanto, é inegável que o aumento do número de praticantes facilita a obtenção de resultados significativos.

Principalmente no feminino, os EUA têm conseguido grandes resultados tanto no juvenil, fazendo há vários anos as finais da Sub-19 no US JUNIOR OPEN, quanto no profissional, com 3 jogadoras entre as 15 do mundo. Foi coincidência você ter focado seu trabalho numa escola só de meninas, ou existe um direcionamento maior para as mulheres?

Sim, certamente foi coincidência eu trabalhar em uma escola só de meninas. Mas o desenvolvimento do esporte feminino nos Estados Unidos é impressionante e deve muito ao nível juvenil e ao squash universitário. Isso ajuda os jovens a ganharem mais maturidade para decidir se desejam seguir uma carreira profissional no esporte ou não. É gratificante observar a igualdade de oportunidades e reconhecer o talento e o potencial das atletas femininas. Isso é especialmente relevante em um momento em que o squash feminino está alcançando novos patamares de sucesso e reconhecimento.

EUA? Existem treinadores específicos para cada idade? Os pais interagem com os técnicos e se envolvem no dia a dia dos treinamentos e competições? Os pais investem muito dinheiro nos torneios e viagens ou existe um suporte da US SQUASH?

Normalmente, as crianças começam a praticar squash entre os 6 e 8 anos de idade. Muitos começam a jogar na escola durante o ensino fundamental, por volta dos 10 ou 11 anos, e continuam até o final do ensino médio. Isso contribui significativamente para o número de jogadores, métodos de ensino adequados para cada faixa etária e, certamente, para a qualidade dos treinadores em cada faixa etária.

O envolvimento dos pais no treinamento ou desenvolvimento dos atletas varia de acordo com cada família e atleta. Com base na minha experiência como treinador ao longo dos anos, em poucos casos isso é benéfico; na maioria das vezes, pode até atrapalhar. Tenho uma filha de 4 anos, e as pessoas frequentemente me perguntam: "Sua filha vai jogar squash?" Eu respondo que se ela quiser, ela jogará, e então me perguntam: "Você será o treinador dela?" Eu respondo que não. Se ela quiser que eu seja seu treinador, ela precisará entender a diferença entre ser pai e ser treinador.

O US Squash oferece suporte em alguns torneios, mas a maioria dos pais ou atletas precisa arcar com os custos. O US Squash possui alguns programas para ajudar jogadores que se destacam, mas não tenho muitos detalhes sobre isso.

O squash estando nas Olimpíadas de LA28 causou algum impacto aí nos EUA? Você acredita que o esporte está crescendo e pode se tornar grande?

É muito recente para dizer que está causando impacto. Mas o squash já vem crescendo há muito tempo nos EUA, e tenho certeza que vai continuar crescendo. Eu acho que o squash está tendo uma boa oportunidade para se tornar grande. Mas isso só pode acontecer com volume de quadras, jogadores, treinadores e torneios. Acho que essa resposta vamos ter daqui a 4 anos, depois das Olimpíadas.

SAIDEIRA

Na ponta da pirâmide, os tops profissionais jogaram um dos torneios com melhor estrutura e abordagem diferenciada de relação com patrocinadores, com foco em oportunidades de negócios e entretenimento.

O GILLEN MARKETS, em Londres

De acordo com Rory Gillen, principal patrocinador do evento, "há 2 razões para patrocinar: ou é bom para os negócios ou para o coração. Para mim, é o coração, pois não vai me ajudar nos negócios, porém é bom acrescentar algo a ele".

Quem topa fazer bem para o coração?

E para a empresa?

Mauricio Penteado

Fundador do SDA e criador da Escola do Squash

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