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mar. 04, 2024

SDA NEWS 007 - Entrevista Bruna Marchesi

 UP TO DATE 

  • Gobbi alcançou seu melhor resultado em torneios PSA 9K, chegando à final e perdendo por 3x2. Realizou partidas incríveis, com destaque para uma virada na semifinal, quando estava perdendo o 5º jogo por 6x10, e conseguiu fechar em 12x10. Parabéns! Continuará jogando no dia 06/03 no 15k de Winnipeg.
  • Bruna, no torneio 9k do Canadá, acabou perdendo para uma jovem talentosa canadense, Spring Ma, irmã gêmea de Ocean Ma. Ambas já foram campeãs do Canadian Junior Open e competem nos Pan-Americanos Juvenis. Bruna agora prosseguirá em um 15k em Vancouver, estreando dia 06/03.

ENQUANTO ISSO

No topo do circuito PSA, o mês de fevereiro foi repleto de torneios nos EUA, com 1 Bronze, 4 Silver, 1 Gold e 1 Platinum, totalizando mais de US$ 1.000.000 em premiações. Esse investimento evidencia o crescimento e a consolidação do squash, com potencial para se tornar olímpico por muitas edições dos Jogos Olímpicos.

No Brasil, teremos um recorde de torneios PSA este ano, com 2 premiações de 9k, seguindo o embalo e a repercussão desse movimento olímpico. Vamos surfar juntos nesta onda, atrair novos praticantes, aumentar a base de juvenis e captar patrocinadores.

FALA SÉRIO

Sempre disse aos meninos: vocês não jogam contra alienígenas; todos têm 2 pernas e uma cabeça.

Sim, o brasileiro é guerreiro e gosta de ganhar, então vamos vencer esses estrangeiros.

O que está faltando para isso? Uma pergunta com múltiplas respostas. Se já fomos líderes do continente no passado, com grandes nomes como Kiko, Paulo Troiano, Karen Redfeen, Denise Pastori, Mário de Oliveira, Roni, Alarcon, junto com a Argentina, por que não podemos retomar essa hegemonia?

Como usar os recursos que agora temos do COB para mudar tudo?

Acredito que primeiro temos que ser humildes, aceitar nossos erros e reconhecer que hoje somos apenas uma sombra do passado.

Entender que leva muito tempo para formar um atleta e que apenas com uma base sólida de juvenis é que surgirão novos talentos, e não de "moscas brancas" de pais obcecados pelo esporte.

O que você faria?

Pois eu digo: começar do começo é sempre uma boa ideia.

Precisamos de treinadores capacitados que gostem de ensinar crianças de 6, 7, 8 anos.

Não é qualquer um que tem essa paciência.

Todos gostam de dizer que treinam tal atleta, que foram técnicos campeões, que são os melhores do mundo.

Porém, não haveria médicos, engenheiros se não fosse por pessoas como a Tia Cecília, que ensinou a escrever.

O mesmo mérito se aplica a todos, pois em cada estágio, se não tivermos pessoas comprometidas e que mantenham a chama acesa, perderemos jovens, como temos visto ano após ano.

Admiro muito esses profissionais. Viva as Tias Cecilias.

BRASILEIROS PELO MUNDO

Conversamos com Bruna Marchesi, atleta brasileira que hoje mora e treina nos EUA.

Onde você treina? Qual é sua rotina?

Atualmente, treino no NJ Squash Club, em Nova Jersey, Estados Unidos. Me mudei há um ano, após quase 10 anos em Londres, onde considero que foi a base do meu squash. Meu maior (e melhor) parceiro de treino é o Vini, que além de ser meu marido, também é meu treinador. Minha semana típica inclui 3 treinos de musculação e 2 de corrida/tiro. Os treinos na quadra variam em quantidade e estímulo, mas incluem sessões de drills, feeding, movimentação, solo e jogos. Recentemente, como estou ficando mais velha (haha), aprendi a ouvir mais meu corpo e focar mais na qualidade do que na quantidade. Tento fazer cada sessão valer a pena, e às vezes reduzo a quantidade para priorizar a qualidade dos meus treinos na quadra. Os treinos fora da quadra são essenciais na minha experiência para manter meu corpo forte, saudável e me sentir segura na quadra.

Este ano você já jogou 2 etapas PSA. Quais são seus planos e metas?

Já joguei, e sendo brutalmente honesta, não tive boas performances. Meu final de ano foi ótimo, com alguns bons resultados em torneios, mas o começo do ano foi um pouco conturbado, o que acabou refletindo nos meus treinos e, consequentemente, na minha performance. Mas essas fases acontecem, e eu tento não ficar pensando no que poderia ter sido e focar em fazer o meu melhor em cada circunstância. Meu plano imediato é recuperar minha confiança em torneios e voltar ao mindset que tinha no final do ano. Avançar nas rodadas quando surgir a oportunidade e jogar bem contra jogadoras mais fortes. Como tenho focado em jogar torneios maiores, as chaves às vezes são desafiadoras logo na primeira rodada, então não posso focar apenas em vitórias, mas sim em desempenho. Tenho vários torneios pela frente, com jogos difíceis logo na primeira rodada, então quero conseguir fazer bons jogos, independentemente do resultado. Também tenho o objetivo de fazer parte do time Brasil e jogar os eventos por equipe que estão por vir ainda este ano. Já representei a Itália, mas há alguns anos decidi parar para poder jogar pelo Brasil, meu país do coração, onde nasci e cresci. Outro objetivo é recuperar ou chegar mais perto do ranking que tinha antes da lesão, 98 do mundo. Tento pensar mais em performar bem e acredito que a melhora no ranking virá como consequência.

Você é casada com Vini Rodrigues, outro grande atleta brasileiro que também joga o circuito PSA. Vocês treinam juntos na mesma academia? E dão aulas também?

Sim, treinamos juntos e, além disso, o Vini também é meu técnico. Além de fazermos sessões de drills e jogos condicionados, ele também faz todo o trabalho de técnico comigo. Continuamos os dois competindo no circuito. Essa mudança para os Estados Unidos foi grande, então ainda estamos nos adaptando e criando uma rotina de treinos, viagens, etc. Ocasionalmente, vamos para Nova Iorque e Filadélfia para treinar com outros jogadores também. Sempre trabalhamos extra além do trabalho como atletas.

Qual conselho você daria para as meninas do Brasil que querem seguir como atletas?

Não se comparem com outras atletas; sejam conscientes da sua jornada pessoal e tentem fazer o seu melhor em cada circunstância. Estabelecer metas e objetivos realistas é muito importante para não se frustrarem logo de cara. Cada atleta tem sua história e diferentes oportunidades, então é uma armadilha se comparar. Na prática, aproveitem cada torneio em que jogarem, treinem com jogadoras diferentes e tentem observar e aprender com cada oportunidade. Tentem aprender com as derrotas e encontrar força nas vitórias. Para as meninas do Brasil que querem jogar profissionalmente, meu conselho é sair do Brasil se tiverem a oportunidade, procurar um lugar que tenha um esquema que combine com seu estilo de trabalho/treino. E comecem a competir no circuito profissional fora do Brasil também - é a melhor forma de aprender e evoluir, na minha experiência. Se não for viável morar fora, aconselho jogar torneios e organizar o calendário para tentar fazer temporadas de treinos com outras jogadoras profissionais.

Você já morou na Europa também. Onde acredita ser o melhor local para treinar e disputar torneios?

Essa pergunta é difícil de responder, então minha resposta talvez seja confusa. Acho que é mais uma questão de preferência. Na Europa, há a conveniência de viajar para torneios, maior proximidade entre jogadores e também várias ligas, que são mais uma oportunidade de jogar squash competitivo. Mas o squash nos Estados Unidos está crescendo muito, e o nível do squash feminino aqui está bem alto, desde as juvenis que já competem no circuito profissional, além de jogarem pelas escolas ou faculdades. Além disso, o número de torneios é bom para competir. Mas, independentemente do lugar, é preciso estar pronto para viajar, dependendo do calendário de torneios. Acredito que muito mais do que o país, o que importa é a rotina de treinos, manter a consistência e ter pessoas com quem você se identifique com a metodologia de trabalho - bons parceiros de treino e um bom técnico. Sempre escolhi meus parceiros de treino levando em conta a atitude nos treinos mais do que qualquer coisa. O que importa é que essa rotina diária se encaixe bem, e isso depende muito mais do atleta. Posso falar, em especial, da Inglaterra, onde morei por 7 anos, competindo, treinando e trabalhando com squash. Tive acesso a muitas jogadoras e treinadores e pude absorver muito de grandes nomes do squash. Essa combinação foi muito enriquecedora para o meu squash. Aqui nos Estados Unidos, continuo tendo acesso a muitos jogadores. A distância dificulta um pouco, mas, como disse, o squash aqui está em ascensão, então a cada mês que passa muita coisa muda. Fui muito feliz na Inglaterra, mas agora estou feliz com a mudança para os Estados Unidos e animada para o que está por vir.

O que achou desse torneio no Canadá?

Atuei muito mal nesse torneio no Canadá, então achei péssimo, haha. É bem frustrante, mas acontece. Altos e baixos fazem parte, e tenho consciência de que um jogo não me define. Na próxima semana, tenho outro torneio no Canadá e mais um na Flórida no fim do mês. Então, vida que segue e foco no processo.

SAIDEIRA

O circuito amador paulista começa na próxima semana (14-17/03), e a Squash Wall vai abrir a temporada com 5 quadras, sendo 1 de vidro. Alguns juvenis estarão participando desse torneio.

Já o circuito juvenil brasileiro começa no RJ, no delicioso Paissandu Atlético Clube, nos dias 15-17/03. A disputa pelas vagas do próximo Sul-Americano começa agora. (Inscrição)


Mauricio Penteado

Fundador do SDA e criador da Escola do Squash

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